29 de janeiro de 2016

Projeto pune parlamentares que não cumprirem promessas de campanha

A Câmara dos Deputados analisa o Projeto de Lei Complementar (PLP) 118/15 que impede falsas promessas durante a campanha eleitoral. De acordo com o texto, os candidatos às eleições proporcionais e majoritárias deverão registrar suas propostas, indicando, de forma objetiva, suas metas para o exercício de mandato. No Legislativo, os registros deverão conter os temas que serão defendidos durante a atividade parlamentar.
Quem não cumprir pelo menos 50% daquilo que foi prometido ficará proibido de se candidatar nas eleições subsequentes. A inelegibilidade será declarada após decisão da Justiça Eleitoral, respeitados os princípios da ampla defesa e do contraditório.
Para o autor do projeto, deputado Índio da Costa (PSD-RJ), a medida vai evitar que os candidatos prometam o que não podem cumprir, exigindo mais responsabilidade e compromisso com os eleitores. Além disso, poderá resgatar a credibilidade das instituições políticas e de seus representantes.
“O objetivo é que haja um percentual mínimo para que o político, durante o mandato, execute aquilo que se comprometeu na campanha eleitoral. Caso não consiga, ele ficará quatro anos proibido de uma nova candidatura. Acho que neste momento, onde muitas coisas que foram prometidas não foram cumpridas, é uma lei moralizadora e, sem dúvida nenhuma, vai ao encontro do desejo da sociedade”, defende o autor.
O sociólogo e cientista político do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Paulo Baía faz ressalvas ao projeto: “Avalio a medida como uma iniciativa boa pelo ponto de vista da ética e de não mentir na campanha. Entretanto, o projeto é inócuo em termos práticos, porque os candidatos não dependem de si próprios para realizar as promessas, dependem de uma conjuntura”.
Tramitação
A proposta está aguardando análise da Comissão de Constituição e Justiça e, se aprovada, segue para o Plenário.
Fonte: Agência Câmara

Confiança dos empresários do setor de serviços aumenta em janeiro

Os empresários do setor de serviços começaram o ano mais confiantes, segundo indicador da Fundação Getulio Vargas (FGV). O Índice de Confiança de Serviços (ICS) subiu 2,8 pontos entre dezembro e janeiro, ao passar de 67,6 para 70,4 pontos.

Em janeiro, a avaliação positiva atingiu em 11 das 13 atividades pesquisadas e foi determinado tanto pelas avaliações sobre o momento presente quanto pelas expectativas em relação aos meses seguintes.
O Índice da Situação Atual (ISA-S), que integra o cálculo do ICS, subiu 4,3 pontos e o Índice de Expectativas (IE-S) avançou 1,2 ponto.
“Nesse início de ano os indicadores informam uma redução do pessimismo nas empresas de Serviços.  No entanto, se de um lado ampliam-se os sinais de que o auge da queda na curva de confiança tenha ficado para trás, de outro é possível perceber que há claro predomínio de uma percepção ainda muito negativa sobre o andamento dos negócios, expressa sobretudo na continuidade da intenção das empresas em prosseguir o ajuste do nível de emprego do setor às novas condições da demanda”, avalia Silvio Sales, consultor da FGV/IBRE.
Indústria
O Índice de Confiança da Indústria (ICI) avançou 2,6 pontos em janeiro e iniciou o ano com melhora principalmente sobre a visão da situação atual, de acordo com dados da FGV.

O ICI atingiu 78,0 pontos em janeiro, maior nível desde março de 2015, graças principalmente à alta de 3,5 pontos do Índice da Situação Atual (ISA), para 78,5 pontos.
O Índice de Expectativas (IE) também apresentou melhora, de 1,6 ponto, para 77,9 pontos.
"A alta mais expressiva do ICI em janeiro decorre principalmente de avanços no processo de normalização de estoques do setor, às custas da manutenção de níveis muito baixos de utilização da capacidade produtiva", explicou o superintendente-adjunto para ciclos econômicos da FGV/IBRE, Aloisio Campelo Jr.
"Associado à percepção de estabilização do nível de demanda, este ajuste de estoques tem colaborado para reduzir o pessimismo, sugerindo um cenário de atenuação das taxas de queda da produção industrial nos próximos meses", completou.
Por sua vez, o Nível de Utilização da Capacidade Instalada teve recuo de 1,1 ponto percentual e foi a 73,9 por cento em janeiro sobre o mês anterior, menor nível da série histórica iniciada em 2001.
A produção industrial brasileira deve ter encerrado 2015 com queda de mais de 8 por cento depois de ter recuado 2,4 por cento em novembro na comparação com outubro.

Fonte: G1

Contas do setor público fecham ano com déficit recorde

A União, os estados e os municípios fecharam 2015 com déficit de R$ 111,249 bilhões nas contas públicas. O défícit primário, receitas menos despesas sem considerar os gastos com juros, é o pior da série histórica iniciada em 2001 e o segundo resultado anual negativo seguido. Em 2014, o déficit primário ficou em R$ 32,536 bilhões. Em dezembro, o déficit primário ficou em R$ 71,729 bilhões, contra o resultado negativo de R$ 12,894 bilhões registrados no mesmo mês de 2014.
O déficit do setor público correspondeu a 1,88% de tudo o que o país produz, o Produto Interno Bruto (PIB). Em 2014, essa relação ficou em 0,57%.
No ano passado, o Governo Central (Previdência, Banco Central e Tesouro Nacional) registrou déficit primário de R$ 116,656 bilhões. Os governos estaduais registraram superávit primário de R$ 9,075 bilhões, e os municipais de R$ 609 milhões. As empresas estatais federais, estaduais e municipais, excluídas as dos grupos Petrobras e Eletrobras, registraram déficit primário de R$ 4,278 bilhões em 2015.
Os gastos com os juros que incidem sobre a dívida chegaram a R$ 501,786 bilhões em 2015, contra R$311,380 bilhões registrados no ano anterior. Em relação ao PIB, os gastos com juros no ano passado ficaram em 8,46%.
O déficit nominal, formado pelo resultado primário e as despesas com juros, chegou a R$ 613,035 bilhões no ano passado, ante R$ 343,916 bilhões de 2014. O resultado negativo correspondeu a 10,34% do PIB em 2015.
A dívida líquida do setor público (o balanço entre o total de créditos e débitos dos governos federal, estaduais e municipais) chegou a R$ 2,136 trilhões em dezembro, o que corresponde a 36% do PIB, com aumento de 1,7 ponto percentual em relação a novembro. A dívida bruta (que contabiliza apenas os passivos dos governos federal, estaduais e municipais) chegou a R$ 3,927 trilhões ou 66,2% do PIB, com alta de 1,1 ponto percentual em relação a novembro.

Fonte: O Tempo

28 de janeiro de 2016

Rendimento real do trabalhador cai após dez anos de avanço

Com a inflação alta e uma dinâmica desfavorável no mercado de trabalho, o rendimento real dos trabalhadores teve sua primeira queda desde 2004, após dez anos de ganhos anuais consecutivos.
O rendimento real -que já desconta a inflação- teve uma perda de 3,7% em 2015 frente ao ano anterior, para R$ 2.265,09, segundo dados divulgados pelo IBGE na manhã desta quinta-feira (28).
Trata-se da maior queda percentual da série histórica da PME (Pesquisa Mensal de Emprego) do IBGE, iniciada em 2002.
"Muitas pessoas perderam seu trabalho na indústria, setor que tem salários maiores. Quando a indústria dispensa, por exemplo, você impacta a renda também", disse Adriana Beringuy, técnica da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.
O maior vilão foi, contudo, o avanço da inflação, que fechou o ano em 11,28% pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). Isso corroeu os salários dos trabalhadores.
A queda da renda se refere à média das seis principais regiões metropolitanas. Individualmente, porém, todas as regiões tiveram queda, com destaque para Belo Horizonte (-4,6%), Rio de Janeiro (-4%) e São Paulo (-4%).
O maior rendimento médio foi na região metropolitana do Rio de Janeiro (R$ 2.519,13), seguido por São Paulo (R$ 2.357,81). O Rio de Janeiro supera São Paulo desde 2013 nesse comparativo.
A massa de rendimento real dos trabalhadores foi de R$ 53,6 bilhões por mês na média do ano passado, uma queda de 5,3% frente ao ano anterior e a primeira baixa da série histórica.

Isso significa, na prática, que menos dinheiro fruto do trabalho circulou na economia, afetando as vendas de bens e serviços.
Em relatório aos clientes, a consultoria Rosenberg Associados avaliou que, do ponto de vista da atividade econômica e da sustentação do consumo, a "retração da massa salarial é crucial e corrobora as perspectivas negativas para 2016".
DEZEMBRO
No último mês do ano passado, a renda média real dos trabalhadores foi de R$ 2.235,50, uma queda de 5,8% na comparação ao mesmo mês do ano anterior, segundo dados da pesquisa.
Os trabalhadores do comércio perceberem a maior perda proporcional de seu rendimento, em 5,6% frente a dezembro de 2014, para R$ 1.782,90. Na indústria, a renda real caiu 6,5%, para R$ 2.297,30.

Vale lembrar que a PME (Pesquisa Mensal de Emprego) acompanha as seis principais regiões metropolitanas do país e terá sua última divulgação em março, com dados referentes ao mês de fevereiro.
Fonte: O Tempo

Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo

Você sabia que no dia 28 de janeiro é comemorado o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo?


A data foi escolhida em homenagem aos auditores-fiscais do trabalho assassinados quando investigavam denúncias de trabalho escravo em Unaí/MG.

Nos últimos anos, infelizmente tem sido verificada em centros urbanos, especialmente na indústria têxtil, construção civil e mineração, trabalhadores submetidos ao trabalho escravo.


No Brasil, o trabalho escravo é definido pelo Artigo 149 do Código Penal da seguinte maneira:


Artigo 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalhando, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto:
Pena- reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
§ 1º. Nas mesmas penas incorre quem:
I- cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho;
II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho.
§ 2º. A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido:
I – contra a criança ou adolescente;
II – por motivo de preconceito de raça, cor etnia, religião ou origem.

27 de janeiro de 2016

Uso da multa do FGTS como garantia em empréstimos consignados só é bom para os bancos, diz especialista

O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, admitiu a possibilidade de o governo permitir que parte da multa do FGTS seja usada como garantia para empréstimos consignados, aqueles cujas prestações são descontadas diretamente do contracheque do devedor, admitindo que a demanda foi apresentada por instituições financeiras.


O ministro negou que o governo esteja considerando simplesmente permitir que o fundo seja usado para estimular o consumo. Caso o trabalhador perca o emprego, o valor poderia ser usado para pagar o empréstimo. A medida só valeria para os trabalhadores do setor privado.


Os bancos argumentam que, diante do crescimento do desemprego, a utilização da multa de 40% do FGTS — paga em caso de demissão sem justa causa — ajudaria a diminuir os riscos e os juros do crédito com desconto em folha. Para economistas, a medida pode beneficiar bancos, mas coloca em risco as finanças dos trabalhadores, em um cenário de desemprego em alta.


Acordos entre empresas privadas e instituições financeiras já permitem que até 30% das verbas rescisórias (como aviso prévio e férias vencidas) sejam usados para abater a dívida do empréstimo consignado. Nesse percentual, não entra o dinheiro da multa do FGTS.


MOTIVOS DE SOBRA PARA RECUSAR

Contrário ao uso da multa para uso em empréstimos consignados, o presidente do Instituto Fundo Devido ao Trabalhador, Mario Avelino (foto), relaciona sete motivos para a recusa da proposta:

1 – Não irá reduzir a taxa de juros cobrada pelos bancos, que já é abusiva;


2 – A maioria dos empréstimos consignados feitos por empresas para os empregados, no regime CLT, já tem como garantia Aviso Prévio, Férias e outros valores na rescisão;


3 – A população brasileira já se encontra no limite do endividamento, e a medida viria aumentar o número de endividados;


4 – O incremento no consumo para movimentar a economia será insignificante;


5 – O dinheiro da Multa de 40% sobre o saldo do FGTS, em caso de demissão, é sacado de imediato pelo trabalhador e pode ser usado de forma produtiva, como na quitação de dividas, resguardo enquanto ele não arruma outro emprego, ou investimento em negócio próprio. Enquanto a taxa de juros anuais do empréstimo para os funcionários públicos está na ordem de 20% a 26%, para os trabalhadores da iniciativa privada a taxa é de 41%;


6 – A aprovação da proposta somente virá comprometer a multa em favor dos trabalhadores, que já dispõem do empréstimo consignado, e aumentará a garantia dos bancos;


7 – Dados fornecidos pela Caixa Econômica Federal, indicam que, entre os anos de 2012 a 2014, em média houve 20 milhões de trabalhadores demitidos sem justa causa, que, em 2014 sacaram R$ 54 bilhões do FGTS, em média de saque de R$ 2.652,88. Deste total, R$ 758,00 (28,57% do total sacado), correspondem à multa de 40%. Ou seja, R$ 15 bilhões do total sacado no FGTS, em 2014, correspondem à multa de 40% por demissão sem Justa Causa pelo empregador.


Avelino argumenta que, se o Conselho Curador do FGTS, que é composto por trabalhadores, empresário e governo, aprovar a medida, aos trabalhadores só restará o recurso de recorrer à Justiça.


Fonte: Força Minas

 

Índice de Confiança do Consumidor volta a crescer em janeiro

O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), cresceu 2,5 pontos entre dezembro de 2015 e janeiro de 2016, atingindo 67,9 pontos. O indicador voltou a crescer, depois de uma queda de 2 pontos em dezembro.
A alta do ICC foi provocada tanto pelo grau de confiança dos consumidores no momento presente quanto pela sua confiança em relação aos próximos meses. O Índice da Situação Atual, que mede o momento presente, subiu 1,1 ponto, depois de oito meses em queda.
O Índice de Expectativas, que mede a avaliação dos consumidores em relação ao futuro, avançou 3,4 pontos, atingindo o maior patamar desde agosto de 2015.
Apesar da alta do ICC em relação a dezembro de 2015, houve queda de 13,2% na comparação com janeiro de 2015.
Fonte: O Tempo

Juro do cheque especial fecha 2015 no maior patamar em quase 21 anos

Os juros médios cobrados pelos bancos nas operações com cheque especial terminaram o ano de 2015 em 287% ao ano – o maior patamar desde abril de 1995 (288% ao ano), ou seja, em quase 21 anos, segundo números divulgados nesta quarta-feira (27) pelo Banco Central. Com essa taxa, quem pegar um empréstimo de R$ 1.000 vai desembolsar por ele R$ 3.870 caso o pagamento seja feito um ano depois.

Os juros cobrados pelos bancos nesta linha de crédito tiveram forte aumento no ano passado, de 86 pontos percentuais. No fim de 2014, estavam em 201% ao ano. Esse foi o maior crescimento anual dos juros do cheque especial desde o início da série histórica do Banco Central, que começa em 1995 para este indicador.
Considerando o patamar do fechamento de 2013 (148,1% ao ano), o aumento foi de 138,9 pontos percentuais nos últimos dois anos.
Cartão de crédito
Se a taxa de juros é elevada para o cheque especial, ela é considerada proibitiva para o cartão de crédito rotativo. Segundo os números do BC, os juros médios cobrados pelos bancos nestas operações – a modalidade mais cara do mercado – somaram 431,4% ao ano no fim de 2015, o maior patamar da série histórica, que tem início em março de 2011. O aumento dos juros nesta linha de crédito, no ano passado, foi de quase 100 pontos percentuais

Junto com o cheque especial, os juros do cartão de crédito rotativo são os mais caros do mercado. A recomendação de economistas é que os clientes bancários paguem toda a sua fatura do cartão no vencimento, não deixando saldo devedor, e que evitem também usar o cheque especial o máximo possível, apesar de a linha ser de fácil acesso (crédito pré-aprovado).
Alta dos juros básicos da economia
O aumento dos juros bancários, no ano passado, acompanhou a alta da taxa básica da economia, fixada pelo Banco Central a cada 45 dias para tentar conter as pressões inflacionárias.

A Selic, porém, subiu bem menos do que os juros bancários no ano passado. Em 2015, taxa avançou de 11,75% para 14,25% ao ano, ou seja, um aumento de 2,5 pontos percentuais. Os números mostram que os bancos elevaram suas taxas de juros ao consumidor de maneira bem mais intensa.
Reportagem publicada pelo jornal norte-americano “The New York Times” diz que os juros praticados em algumas linhas de crédito no Brasil “fariam um agiota americano sentir vergonha”, citando os dos cartões de crédito.
Segundo um levantamento feito pela consultoria Economatica para a BBC Brasil, apesar da desaceleração econômica, a rentabilidade sobre patrimônio dos grandes bancos de capital aberto no Brasil foi de 18,23% em 2014 – mais do que o dobro da rentabilidade dos bancos americanos (7,68%).
Consignado, crédito pessoal e veículos
No caso das operações de crédito pessoal para pessoas físicas (sem contar o consignado), de acordo com o Banco Central, a taxa média cobrada pelos bancos somou 117,6% ao ano em dezembro, contra 101,9% no mesmo mês de 2014. Nesse caso, houve uma alta de 15,7 pontos percentuais no ano passado.

Ainda segundo o BC, a taxa média de juros cobrada pelas instituições financeiras nas operações do crédito consignado (com desconto em folha de pagamento) somou 28,8% ao ano em dezembro – o que representa um aumento de 2,9 pontos percentuais em relação a dezembro de 2014 (25,9% ao ano).
Segundo o BC, a taxa média de juros para aquisição de veículos por pessoas físicas, por sua vez, somou 26% ao ano em dezembro do ano passado, contra 22,3% ao ano no mesmo mês de 2014. Neste caso, houve um aumento de 3,7 pontos percentuais no ano passado.
Fonte: G1

26 de janeiro de 2016

Crise reduziu consumo de nove entre dez brasileiros, mostra pesquisa

Pesquisa divulgada esta semana pelo Instituto Data Popular mostra que nove entre dez brasileiros diminuíram o consumo no ano passado, devido à crise econômica. As entrevistas foram feitas entre os dias 4 e 12 de janeiro com 3,5 mil consumidores maiores de 16 anos em 153 municípios de todos os estados.
Segundo os dados, dos 99% dos consultados que acreditam que o país está em crise, 81% têm certeza de que vivenciam um período de recessão. Para 55%, esta é a pior crise que já enfrentaram. De acordo com o presidente do instituto, Renato Meirelles, isso acontece por dois fatores.
O primeiro deles é que existe hoje um contingente enorme de consumidores que não participavam do mercado na época em que o Brasil conviveu com hiperinflação. “Não eram adultos na época da hiperinflação. É, de fato, um conjunto de consumidores jovens que tendem a achar que esta é a maior crise”, disse Meirelles, para quem a crise atual não é a maior que o país atravessa. “A gente já teve crises com taxas de desemprego maiores, com o país com menos reserva internacional do que tem hoje, com mais inflação.”
Outro fator, segundo Meirelles, é que nas crises anteriores, de 2002  de 2008, em geral, as pessoas tinham a sensação de que estava difícil comprar um bem ou produto ou melhorar de vida. Segundo ele, hoje a sensação de “voltar para trás” e isso aumenta a percepção de que esta é a maior crise. Como a situação atual veio depois de um processo de crescimento forte, da democratização do consumo, de os brasileiros passarem a ter acesso a produtos e serviços que antes não consumiam, a sensação de perda se torna mais forte, disse Renato Meirelles.
Retomada
O presidente do Data Popular observou, entretanto, que boa parte das pessoas que não conseguiram realizar seus projetos no ano passado, em função da crise, se mostra disposta a efetivar seus planos em 2016. Do percentual de 63% que planejaram comprar um imóvel em 2015, mas encerraram o ano sem cumprir a meta, 35% acreditam que conseguirão realizar o sonho este ano. O percentual sobe para 69% se for considerado o universo de pessoas que planejaram comprar um eletrodoméstico em 2015 e não conseguiram (54% dos entrevistados).
“A pesquisa mostrou que o consumidor está se programando para realizar seus planos, seja buscando uma renda extra, fazendo escolha do que é prioritário ou não no seu gasto, seja buscando financiamento, para voltar a comprar aquilo que ele tinha pensado em ter no ano passado e não comprou”. Significa que a crise funciona como uma alavanca para que as pessoas retomem o que haviam programado. “É um consumidor que entra nesta crise mais preparado do que em crises anteriores”, ressaltou Meirelles.
Outro aspecto evidenciado por esse cenário é que a estratégia das empresas que querem conquistar esse consumidor tem que mudar, segundo Renato Meirelles. “Em um cenário de crise, as empresas têm que ganhar dos seus concorrentes”, disse, ao destacar que as empresas que souberem fidelizar o consumidor e se mostrar de alguma forma como parceira terão mais chances de crescer do que outras. “Esse é o momento de as empresas consolidarem seus clientes fiéis e avançarem sobre a concorrência, que é a consequência disso no mercado”.
Fonte: Agência Brasil

Desemprego impulsiona ‘bicos’ pelo País

Amanda de Souza dava aulas de inglês; Bruna Ribeiro trabalhava numa empresa farmacêutica; William Santos era funcionário de um hospital. Nos últimos meses, porém, a rotina deles mudou. Amanda deixou a sala de aula e passou a vender lingerie, Tupperware e suplementos alimentares; Bruna largou o escritório e começou a costurar toalhas e fazer pães de mel; William perdeu o emprego e virou ajudante geral.

A mudança de curso na vida desses profissionais é o retrato do atual momento da economia brasileira. Com a piora no mercado de trabalho e a perda do poder de compra por causa do aumento da inflação, milhões de trabalhadores começaram a recorrer aos chamados bicos, empregos esporádicos, para tentar manter o padrão de vida ou apenas para conseguir pagar as despesas básicas.
Um termômetro do aumento da procura por esse tipo de trabalho são os dados da plataforma Bicos Online, que faz a intermediação entre o trabalhador e o contratante de serviços, como diarista, pintor, eletricista, pedreiro e motoristas. Dos 20 mil usuários cadastrados no site, 75% estão à procura de trabalho e 25% querem contratar. No início de 2015, esses porcentuais estavam em 60% e 40%, respectivamente.
“A crise aumentou a procura por bicos. A partir do segundo semestre, a distância entre a oferta e a demanda passou a crescer mês após mês”, afirma Marcos Botelho, sócio da Bicos Online, hoje disponível nas principais capitais do País e cidades da Região Metropolitana de São Paulo. De acordo com ele, entre os que estão em busca de um serviço, 70% estão desempregados.
Um outro levantamento feito pelo Instituto Data Popular também revela a popularização dos bicos. Segundo levantamento, a quantidade de trabalhadores que fazem bico aumentou de 41% em dezembro de 2013 para 69% em dezembro do ano passado. A pesquisa foi feita com 2 mil pessoas.
“O bico cresceu porque a inflação subiu muito, e o brasileiro, para não perder tanto o padrão de consumo, precisou trabalhar mais para comprar as mesmas coisas”, diz Renato Meirelles, presidente do Data Popular.
No ano passado, o brasileiro passou a lidar com uma combinação perversa: o desemprego subiu e inflação ultrapassou 10%. O Brasil perdeu 1,5 milhão de empregos com carteira de trabalho assinada, de acordo com dados do Cadastro Geral e Desempregados (Caged) – o resultado foi o pior da série histórica iniciada em 1992.
O tempo para se recolocar no mercado de trabalho também aumentou. Um levantamento recente feito pela Tendências Consultoria Integrada mostrou que o porcentual de desocupados há mais de sete meses subiu de 24,1%, em janeiro do ano passado, para 33,8% em novembro – o maior nível mensal desde 2006. A faixa que mais cresceu foi a que inclui desempregados entre 7 e 11 meses, cujo porcentual dobrou no período, de 7,3% para 14,2%.
Enquanto isso, o porcentual de trabalhadores que conseguia emprego no curto prazo, em até 30 dias, caiu de 29,6% para 20,2%. A faixa entre 31 dias e seis meses ficou estável, com 46% dos desocupados.
Dificuldade. Gabriela Lelis, de 24 anos, tem enfrentando as dificuldades do mercado de trabalho. Por um ano, ajudou o tio, que é autônomo. “Não era um emprego que tinha todo mês”, lembra a jovem, formada em sistemas de informação.
Neste ano, ela conseguiu uma vaga de três meses numa faculdade. Ela mora com os pais e a renda vai para ajudar nas despesas de casa. “Meu objetivo é encontrar um trabalho fixo. Por enquanto, é só temporário. Eles contrataram muita gente e estou fazendo o melhor para tentar ser efetivada". 
Já a publicitária Mônica Humphreys, de 39 anos, tem emprego fixo e recorreu aos bicos para complementar a renda. “Trabalho numa galeria de arte digital como diretora de marketing. Por interesse, fiz um curso de personal stylist e depois de organização pessoal, passei a trabalhar com isso para ter uma renda extra.” Além de uma conta no Instagram para divulgação do trabalho e do boca a boca, há quatro meses ela se cadastrou na Bicos Online. “Já fiz quatro trabalhos por lá". 
Fonte: Estadão

25 de janeiro de 2016

Dívida pública sobe 21,7% em 2015, para R$ 2,79 trilhões, maior da série

Impulsionada principalmente pelas despesas com juros, a dívida pública federal, o que inclui os endividamentos no país e no exterior, teve aumento recorde de 21,7% no ano passado, para R$ 2,79 trilhões – patamar que também é o maior da série histórica, que começa em 2004, segundo números divulgados pela Secretaria do Tesouro Nacional nesta segunda-feira (25).
(Correção: ao ser publicada, esta reportagem errou ao informar que o aumento em 2015 foi de 24,8%, segundo números divulgados pelo Tesouro Nacional. Mais tarde, o órgão retificou o percentual, e a reportagem foi corrigida às 16h08.)
Em valores nominais, crescimento da dívida pública no ano passado foi de R$ 498 bilhões. Em 2014, a dívida pública havia registrado crescimento menor, de 8,15%, ou R$ 173 bilhões, enquanto que no ano anterior (2013), a expansão registrada havia sido de 5,7%, ou R$ 115 bilhões, segundo números oficais.
A dívida pública é a contraída pelo Tesouro Nacional para financiar o déficit orçamentário do governo federal. Quando os pagamentos e recebimentos são realizados em real, a dívida é chamada de interna. Quando tais operações ocorrem em moeda estrangeira (dólar, normalmente), é classificada como externa.
Gastos com juros
O crescimento da dívida pública no ano passado está relacionado, principalmente, com as despesas com juros, no valor de R$ 367,67 bilhões - os maiores da série histórica. Em 2012, 2013 e 2014, respectivamente, as despesas com juros da dívida pública somaram R$ 207 bilhões, R$ 218 bilhões e R$ 243 bilhões, segundo números oficiais.

Os números do governo mostram que a dívida também cresceu no ano passado porque houve um emissão líquido (emissões de papéis superaram os vencimentos, ou resgates, de títulos públicos) em um valor acima de R$ 130 bilhões.
Aumento nos últimos anos
Segundo os dados do Tesouro, nos últimos dez anos a dívida pública mais que dobrou: em 2005, o estoque de dívida estava em R$ 1,15 trilhão, subindo para R$ 2 trilhões no fechamento de 2012 e para R$ 2,79 trilhões no fim do ano passado.

Da expansão da dívida pública de cerca de R$ 1,11 trilhão nos últimos dez anos, mais de R$ 400 bilhões referem-se a emissões de títulos públicos para capitalizar o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Dívidas interna e externa
No caso da dívida interna, segundo informou o Tesouro Nacional, foi registrado um aumento de 21,3% em 2015, para R$ 2,65 trilhões. Neste caso, o crescimento foi de R$ 467 bilhões. Já no caso da dívida externa brasileira, resultado da emissão de bônus soberanos (títulos da dívida) no mercado internacional e de contratos firmados no passado, o governo contabilizou um aumento de 27,2% no ano passado, para R$ 142,84 bilhões. A alta da dívida externa foi de R$ 30,5 bilhões.

Compradores
Os números do Tesouro Nacional também revelam que a participação dos investidores estrangeiros na dívida pública interna registrou pequeno aumento no ano passado, mesmo após a perda do grau de investimento pela Standard & Poors e pela Fitch em 2015. Em dezembro do ano passado, os não residentes detinham 18,8% do total da dívida interna (R$ 497 bilhões) contra 18,6% (R$ 406 bilhões) no fim de 2014.

Mesmo assim, os estrangeiros seguem na quarta colocação de principais detentores da dívida pública interna, atrás das instituições financeiras (25% do total, ou R$ 662 bilhões em outubro), dos fundos de previdência (21,4%, ou R$ 566 bilhões) e dos fundos de investimento (19,6% do total, ou R$ 518 bilhões).
Perfil da dívida
Em dezembro de 2015, o percentual de papéis prefixados somou 41% do total, ou R$ 1,08 trilhão, contra 43% no fechamento de 2014, ou R$ 940 bilhões. Os números foram calculados após a contabilização dos contratos de "swap cambial".

Os títulos atrelados à taxa Selic (os pós-fixados), por sua vez, tiveram sua participação elevada em 2015 (e deve continuar subindo em 2016). No fim do ano passado, representaram 7,90% do total (R$ 209 bilhões), em comparação com 6,57% no fechamento de 2013 (R$ 143 bilhões).
A parcela da dívida atrelada aos índices de preços (inflação), por sua vez, somou 34,28% no fim de 2015, o equivalente a R$ 908 bilhões, contra 36,7% no fechamento de 2013, ou R$ 801 bilhões.
Os ativos indexados à variação da taxa de câmbio, por sua vez, somaram 16,79% do total no fim de 2015, ou R$ 444 bilhões, contra 13,64% no fim de 2014, ou R$ 297 bilhões, no fim do ano anterior. O crescimento da dívida em dólar se deve à emissão de contratos de "swap cambial" pelo BC - para evitar uma alta maior na cotação da moeda norte-americana.
Dívida superará R$ 3 trilhões em 2016
O Tesouro informou que a dívida pública federal interna e externa continuará avançando em 2016 e deverá ultrapassar a barreira dos R$ 3 tilhões no fim deste ano, informou a Secretaria do Tesouro Nacional nesta segunda-feira (25).

Sgundo o Tesouro, as necessidades brutas de financiamento da dívida pública neste ano, por meio da emissão de títulos, são de R$ 698 bilhões, mas estão previstos R$ 108 bilhões em recursos orçamentários. Com isso, a necessidade líquida de financiamento é de R$ 589 bilhões.
Fonte: G1

Com parcelas entre R$ 880 e 1,5 mil, seguro-desemprego sobe mais de 11% em 2016

As parcelas do seguro-desemprego foram reajustadas em 11,28%, e os novos valores começam a ser pagos já em janeiro a milhares de pessoas. O benefício assegura ao trabalhador que perdeu o emprego uma renda mínima por período entre três e cinco meses.
Com isso, a parcela mínima do seguro-desemprego será de R$ 880,00 seguindo o reajuste do salário mínimo para 2016. Já a parcela máxima passa de R$ 1.385,91 em vigor em 2015 para R$ 1.542,24 este ano.
O reajuste considerou a inflação de 2015 medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Os valores a serem pagos são calculados com base em uma fórmula que considera os três últimos salários recebidos pelo trabalhador, e é sobre essa média que é aplicado o reajuste.
Neste ano, o seguro-desemprego deve movimentar R$ 34,7 bilhões em valores a serem transferidos a cerca de 7 milhões de trabalhadores em todo o País, conforme estimativa do Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS).
“O seguro-desemprego é assegurado a trabalhadores que estão sendo dispensados sem justa causa. Não foi uma decisão de dispensa causada por esses trabalhadores. Foram trabalhadores que, em uma situação de dispensa, viram-se sem salário e, nesse momento, o programa do seguro-desemprego tenta recompor parte da renda deles”, afirmou o diretor do Departamento de Emprego e Salário do MTPS, Márcio Borges.
“Estamos falando de trabalhadores, pais de famílias que precisam assegurar o mínimo de sustento a seus familiares”, diz Borges. Ele lembra que o que se vê nos últimos anos é um número maior de trabalhadores com acesso ao benefício.
Em 2002, 4,8 milhões de trabalhadores solicitaram o seguro-desemprego. Em 2014, esse número foi bem maior: 8,5 milhões de pessoas tiveram direito ao benefício. O aumento decorreu do maior número de trabalhadores contratados com carteira assinada pelas empresas nos últimos anos.
Fonte: http://www.brasil.gov.br/

22 de janeiro de 2016

Minas fechou postos de trabalho em todos os setores da economia em 2015, sobretudo na indústria


O ano de 2015 foi duro para o trabalhador. De janeiro a dezembro, mais de 19 milhões de brasileiros ouviram do chefe a notícia que todo funcionário teme receber: a demissão. No mesmo período, foram 17,7 milhões de contratações, o que gerou um resultado de 1,5 milhão de vagas a menos no país. O dado é o pior da série histórica do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), iniciada em 1992, conforme divulgado nessa quinta (21) pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social.

Em Minas, o ano encerrou com a eliminação de quase 200 mil postos. O número negativo rendeu ao Estado o segundo pior saldo entre os demais, atrás apenas de São Paulo, que sozinho acabou com 466 mil vagas.
Os dados negativos foram puxados, principalmente, pela indústria e pela construção civil. “Demitir é a última opção, já que é caro e difícil preparar a mão de obra para depois dispensá-la. Mas sem capital de giro, investimentos e os necessários ajustes fiscais, a economia fica parada. E não há outra saída senão cortar custos”, diz o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, Olavo Machado.

Perfil

Segundo o Caged, a indústria de Transformação eliminou mais de 608 mil empregos em todo o país. Em Minas, o corte atingiu 70 mil trabalhadores.

Para o diretor de Política e Relações Trabalhistas do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Minas Gerais, Ricardo Catão, o quadro de desemprego continuará instalado enquanto as indefinições políticas persistirem.

“Está todo mundo em compasso de espera. A retomada de investimentos depende de confiança e da demanda, mas por enquanto o consumidor está com o pé no freio”, diz.

Em Minas, pelo menos 60 mil pedreiros, ajudantes e engenheiros, entre outros profissionais da área, perderam a colocação. A tesoura não poupou nem os empregados da agropecuária. Em 2015, o setor tradicionalmente forte em Minas sofreu com o fim de aproximadamente 2 mil vagas.

Desempenho do mercado é o pior dos últimos 23 anos
 
O jovem João Lucas Bizzotto, 28 anos, é um dos profissionais que engrossam as estatísticas sobre o desemprego no país. Estudante do curso de Educação Física, ele foi dispensado do antigo emprego em julho do ano passado. Desde então, distribuiu currículos e entrou em contato com agências de recrutamento e círculo de amigos, mas permanece sem emprego fixo.

“Apesar da atual situação do mercado, acredito que Belo Horizonte vai conseguir absorver os profissionais da minha área. Não quero sair da cidade”, diz. De acordo com o Caged, a capital mineira encerrou dezembro de 2015 com quase 14,7 mil postos de trabalho fechados.

O desempenho do mercado de trabalho em 2015 foi o pior desde 1992, quando começou a série estatística do governo. O ministro do Trabalho, Miguel Rossetto, minimizou o resultado. “A crise não foi capaz de destruir as conquistas dos trabalhadores dos últimos anos”, declarou.


Fonte: Hoje em Dia

21 de janeiro de 2016

Com atividade fraca, arrecadação tem pior desempenho em 5 anos em 2015

Influenciada pela forte recessão que se abateu sobre a economia brasileira, a arrecadação de impostos e contribuições federais não resistiu e registrou queda real de 5,6% em 2015, apesar do aumento de vários tributos pelo governo no ano passado, segundo números divulgados pela Secretaria da Receita Federal nesta quinta-feira (21).

Os números do Fisco mostram que, em 2015, a arrecadação recuou pelo segundo ano consecutivo.
No ano passado, a arrecadação somou R$ 1,22 trilhão (valor nominal). Com a correção pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial, a arrecadação somou R$ 1,27 trilhão no ano passado, de acordo com números oficiais. Foi o menor valor, para um ano fechado, desde 2010, ou seja, dos últimos cinco anos.
De acordo com dados do Fisco, a arrecadação refletiu, no ano passado, o baixo nível de atividade econômica. Em 2015, a produção industrial recuou 7,7%, as vendas de bens e serviços caíram 7,75%, e o valor em dólar das importações recuou 27%, apesar do aumento de 3,7% na massa salarial.
Os números do órgão mostram que o recuo da arrecadação, em 2015, aconteceu apesar de receitas extras, neste ano, de R$ 13,1 bilhões (R$ 4,6 bilhões de transferência de ativos entre empresas, R$ 1 bilhão de remessas para residentes no exterior e R$ 7,5 bilhões pela recuperação de débitos em atraso). Em 2014, as receitas extraordinárias somaram, pelo menos, R$ 8,76 bilhões.
Desonerações e altas de tributos

O governo informou ainda que a a arrecadação também se ressente, em 2015, das desonerações de tributos feitas nos últimos anos – parcialmente revertidas, em alguns casos. De acordo com informações da Receita Federal, as reduções de tributos realizadas nos últimos anos tiveram impacto na queda na arrecadação de R$ 103 bilhões em 2015, contra R$ 99,41 bilhões no ano anterior.

O governo, entretanto, começou a aumentar impostos em 2015 como parte do ajuste fiscal para tentar reequilibrar as contas públicas. Neste ano, o governo já subiu tributos sobre empréstimos, carros, cosméticos, cerveja, vinhos, destilados, refrigerantes, bancos, receitas financeiras das empresas, taxas de fiscalização de serviços públicos, gasolina, importações, e exportações de manufaturados, entre outros. A maior parte destes aumentos já está valendo.
Arrecadação por tributos

A Receita Federal informou que o Imposto de Renda arrecadou R$ 336 bilhões em 2015, com queda real de 2,86% sobre o ano anterior (R$ 346 bilhões). Os números foram corrigidos pelo IPCA.

No caso do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), a arrecadação somou R$ 119 bilhões no ano passado, com queda real de 13,85% sobre 2014.
Sobre o IR das pessoas físicas, o valor arrecadado totalizou R$ 29,69 bilhões em 2015, com recuo real de 5,96%. Já o Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) arrecadou R$ 187,71 bilhões no último ano, com alta real de 6,29% sobre igual período de 2014.
Com relação ao Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI), os números do Fisco mostram que o valor arrecadado somou R$ 51,42 bilhões em 2015, com queda real de 10,75% sobre o ano anterior.
No caso do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF), houve uma alta real de 6,9%, para R$ 36,15 bilhões, no ano passado. Neste caso, a arrecadação foi influenciada pela alta do tributo, que já foi recomposto no início deste ano.
A Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins), por sua vez, arrecadou R$ 210 bilhões em 2015, com queda real de 4,87%, enquanto a Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL) registrou arrecadação de R$ 64,44 bilhões no acumulado de 2015, com recuo real de 13,77%.
Meta fiscal

O fraco comportamento da arrecadação no último ano, apesar do aumento de tributos autorizado pelo governo, não facilitou o cumprimento da meta de superávit primário (a economia para pagar juros da dívida pública e tentar manter sua trajetória de queda) fixada inicialmente 2015. Por isso, o governo enviou ofício ao Congresso Nacional para reduzira  meta fiscal.

Em um primeiro momento, a meta foi fixada pela equipe econômica em R$ 66,3 bilhões para todo o setor público (governo, estados, municípios e empresas estatais) em 2015. Em julho, porém, o governo anunciou que a meta foi reduzida para 0,15% do PIB, ou R$ 8,74 bilhões e, em outubro, anunciou que as contas deverão ter novo rombo neste ano - de mais R$ 50 bilhões, sem contar as chamadas "pedaladas" e a eventual frustração de receitas com leilão de hidrelétricas.
O Tesouro Nacional informou no fim de 2015 que as chamadas pedaladas foram todas quitadas no ano passado. Com isso, admitiu que o rombo pode se aproximar da marca dos R$ 120 bilhões em 2015.
No ano passado, além de aumentar tributos, para tentar cumprir a meta fiscal, o governo também atuou na limitação de benefícios sociais, como o seguro-desemprego, o auxílio-doença, o abono salarial e a pensão por morte, medidas já aprovadas pelo Congresso Nacional e sancionadas pela presidente da República. Além disso, também elevou tributos sobre a folha de pagamentos, com impacto somente em 2016 - revertendo parcialmente a desoneração autorizada nos últimos anos.
O governo também está atuando do lado da contenção de gastos, principalmente de investimentos. Em maio, foi anunciado um bloqueio de R$ 69,9 bilhões em recursos do orçamento de 2015 e, em julho, a equipe econômica informou que foi autorizado um bloqueio adicional de R$ 8,6 bilhões nos gastos dos ministérios. Para 2016, defende ainda a retomada da CPMF.

Fonte: G1