25 de fevereiro de 2016

Tempo médio para brasileiro voltar a trabalhar é de 8 meses

Quem está procurando uma colocação no mercado de trabalho tem que ter paciência. É que o tempo para conseguir uma vaga aumentou, segundo estimativa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). No fim de 2014, eram necessários 6,8 meses para voltar a trabalhar. Hoje, a média é de oito meses. O aumento é de 36 dias.
A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, diz que o tempo maior para a recolocação é reflexo da conjuntura econômica atual, em que se observa o fechamento de postos de trabalho ao invés da criação de vagas.
A desempregada Ana Cecília Cordeiro confirma o mau momento do mercado do trabalho do país. Ela conta que completa um ano sem emprego em março deste ano. “Desde que fiquei desempregada, minha vida mudou para pior. Antes, eu podia comprar algumas coisas que eu gostava, como iogurte. Hoje, já não compro mais”, diz.
Para poder se manter, ela está vendendo títulos de capitalização e ainda conta com a ajuda financeira da avó. “Eu gostaria de ter um emprego com carteira assinada. A vantagem é que eu sei quanto ganho no mês. Hoje, só ganho o que vender, se não vendo nada, não ganho nada. Desde o ano passado está mais difícil conseguir um emprego”, reclama a ex-caixa de supermercado.
Até novembro de 2015, o país alcançou número recorde de desempregados: 9,126 milhões de pessoas. O total de desocupados saltou 41,5% no trimestre encerrado em novembro na comparação com igual período de 2014, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), que é divulgada pelo IBGE.
Silvanete Lopes dos Santos é uma dessas pessoas. Ela conta que está sem emprego há mais de um ano. E hoje trabalha como freelancer na área de eventos. O último emprego foi na área de telemarketing. “Está mais difícil conseguir uma colocação. Tem muita gente desempregada, muita concorrência. Antigamente, você conseguia outro emprego em, no máximo, dois meses”, ressalta.
Ela diz que gostaria mesmo de trabalhar na área de radiologia, já que fez o curso há dois anos. “Nunca atuei. Hoje, não dá para escolher”, frisa.
A estudante de psicologia Gabrielly André Neves também está em busca de uma oportunidade. “Pode ser emprego ou estágio”, diz a ex-caixa de uma loja do varejo.
E ela acha que vai demorar mais para conseguir uma vaga. “Com a crise, está ainda mais difícil conseguir emprego. A pesquisa está certa, deve ser uns oito meses, ou até mais para conseguir um colocação no mercado de trabalho”, reclama.
Demanda
Queda. Estatística da Michael Page, especializada em recrutamento e seleção, mostra que 90% da demanda feita pelas empresas é para substituição de trabalhadores e 10% para novas vagas.
Mercado gera poucas vagas e salário é cerca de 40% menor

Com a economia em crise, o educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli, recomenda que os brasileiros previnam-se contra o possível desemprego. “Caso não tenha feito uma reserva financeira ao longo do tempo antes de ser demitido, a pessoa corre risco de abusar dos cartões de crédito e também de empréstimos”, observa.

A diretora de desenvolvimento humano da Rhumo Consultoria Empresarial, Lara Castro, ressalta que num mercado com geração de poucas vagas, é importante que o profissional se mantenha competitivo e invista na qualificação mesmo empregado. “É sempre importante investir em si mesmo, reduzir as deficiências e descobrir habilidades”, frisa.

E, se caso o desemprego acontecer, é necessário, conforme ela, mudar a postura com relação aos gastos. “É o que as empresas estão fazendo: cortando custos, se adequando a um novo momento”, diz. Ela observa que a realidade nas recolocações são salários de 30% a 40% menores na comparação com o que era pago há dois, três anos. 

Fonte: O Tempo

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